sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A EDUCAÇÃO DOS SUPERDOTADOS


Considerações Pedagógicas
Princípios Fundamentais
Maker (1982) salienta cinco aspectos pedagógicos fundamentais para a educação do superdotado; aspectos estes que, sem dúvida, favorecem a motivação, o interesse e a aprendizagem livres de tensão.

Princípios Pedagógicos Para a Educação de Superdotados Segundo Maker:

* A aprendizagem deve estar centrada no aluno e não no professor.
* Deve ser encorajada a independência, e não a dependência.
* Deve ser encorajada uma atmosfera de "abertura mental" em sala de aula.
* Deve ser enfatizada a aceitação de idéias e não o seu julgamento.
* Deve ser permitida e encorajada a alta mobilidade do aluno dentro da sala.

De um modo geral, trata-se de princípios que deveriam ser aplicados em toda e qualquer sala de aula, esteja ela repleta de superdotados, de pessoas normais ou até mesmo de retardados mentais. O que Maker ressalta é o fato de que a ausência desses preceitos é muito mais prejucial ao superdotado do que aos demais.
Por serem indivíduos diferenciados do restante das pessoas, os superdotados requerem um tipo de educação especial que seja adequado às suas necessidades específicas. A menos que tais necessidades sejam atendidas no lar, na escola e na comunidade, é provável que estes estudantes falhem na realização de seu potencial pleno.
Diretrizes Para Programas Especializados
A dupla Arn e Frierson sugere que os objetivos de um programa de atendimento a superdotados não podem ser associados apenas ao desenvolvimento intelectual, mas também devem favorecer o crescimento pessoal e a interação social.

Metas de Um Programa de Atendimento a Superdotados Segundo Arn e Frierson (1971)


* Melhores condições para o desenvolvimento de habilidades acadêmicas.
* Desenvolver bons hábitos de trabalho e estudo.
* Incrementar um clima de aprendizagem que resulte em maior produtividade.
* Incrementar a motivação.
* Favorecer o ajustamento pessoal e emocional.
* Promover o desenvolvimento social.
* Oferecer melhor atendimento ao rítmo individual de crescimento e aprendizagem.
* Possibilitar a expansão de interesses.
* Desenvolver valores estéticos.
Feldhusen concorda e acrescenta que as necessidades especiais dos superdotados se enquadram em três categorias gerais: cognitivas, afetivo-sociais e generativas.
Tannebaum também recomenda uma série de medidas interessantes a serem adotadas por qualquer programa de atendimento a superdotados.

Aceleração
A aceleração consiste essencialmente em se cumprir o programa escolar em menos tempo. De um modo geral, o objetivo é evitar que o superdotado fique na escola mais tempo do que o necessário, o que pode ocorrer de três formas diferentes:
* A admissão precoce de alunos nos colégios, ou seja, a admissão de alunos com idades inferiores à idade normal;
* Uma vez constatada uma habilidade privilegiada e/ou um conhecimento superior, fazer com que o aluno superdotado "salte" determinada série escolar tida como desnecessária para ele;
* Fazer com que o aluno excepcionalmente capaz aprenda no seu próprio rítmo veloz, levando-o, por meio de recursos especiais, a completar, em um único ano, duas ou mais séries escolares.
Muitos autores advogam a favor da utilização do método da aceleração para o atendimento do superdotado. Clark, por exemplo, reune os principais argumentos positivos, assinalando nove vantagens neste tipo estratégia.

Vantagens da Aceleração Segundo Clark


1) É um método que pode ser usado em praticamente qualquer escola.

2) Os alunos intelectualmente superiores tendem a escolher companheiros mais velhos, e a aceleração vai favorecer este contato.

3) A aceleração permite aos estudantes mais capazes darem início a sua vida profissional mais cedo, o que resulta em maior produtividade.

4) Pelo fato do aluno permanecer menos tempo na escola, os custos diminuem.

5) Observa-se menos tédio e insatisfação entre os estudantes a quem se permite acelerar nos estudos, os quais percebem o novo programa como sendo mais estimulante e menos enfadonho.

6) O ajustamento emocional e social tem se mostrado superior nos estudantes que participam de programas de aceleração.

7) A aceleração permite que se exija do aluno uma produtividade mais de acordo com suas capacidades.
8) Se um estudante inusitadamente brilhante permanece com os seus colegas da mesma idade, ele possívelmente achará as tarefas propostas pelo professor muito fáceis e desenvolverá hábitos de estudo inadequados.

9) A oportunidade de interagir e participar de atividades acadêmicas tende a favorecer uma atitude mais responsável por parte do aluno e o estabelecimento de novos propósitos e objetivos.

Entretanto, apesar de todos os argumentos a favor desse processo, existem autores que criticam o método da aceleração. French argumenta que é importante para o desenvolvimento pessoal do aluno que ele seja mantido junto com colegas de mesma idade e nível social e emocional. Segundo ele, a criança que "salta" uma determinada série escolar completamente deixa de aprender toda uma gama de conhecimentos acadêmicos e sociais importantes e necessários, o que deixa "furos" em sua formação. Ainda de acordo com French, há a questão de que difícilmente a aceleração se dá de uma forma adequada em todas as áreas e dimensões. Já Stanley lembra que a aceleração não resolve a necessidade de um treinamento especial por parte do professor ou professores para que se possa lidar eficazmente com o superdotado em sala de aula.
Apesar das opiniões em contrário, no entanto, investigações mais ou menos recentes tem mostrado os bons resultados da estratégia de aceleração, quando esta é aplicada com certo grau de bom-senso. Daurio cita diversas pesquisas as quais revelam que, quando os alunos são devidamente selecionados e a aceleração se dá por admissão precoce ou pela utilização dos "cursos de férias", não apenas os resultados em termos acadêmicos e cognitivos são bastante satisfatórios, como também o são o desenvolvimento emocional e social do estudante. De acordo com ele, a resistência de pais e educadores em relação a este tipo de programa fundamenta-se mais em noções pré-concebidas acerca de desajustes do que em fatos objetivos. Alencar aponta o exemplo norte-americano onde se permite que os alunos brilhantes do 2° grau cursem algumas disciplinas universitárias para as quais já estejam preparados, dispensando a necessidade de cursá-las posteriormente quando ingressarem na faculdade. Segundo ela, este sistema e os chamados "cursos de verão" tem apresentado excelentes resultados em termos de interesse, entusiasmo, aprendizagem e produtividade acadêmica.
Enriquecimento
Um programa enriquecimento escolar é uma estratégia pedagógica onde se oferece ao aluno capaz a oportunidade de ampliar e aumentar os seus conhecimentos por meio da participação de cursos extracurriculares, projetos especiais ou conteúdos curriculares específicos mais adiantados. A idéia parte do princípio que o aluno superdotado precisa de pouco tempo para desenvolver as atividades acadêmicas habituais para a sua idade e/ou série escolar, e que necessita de um complemento para estas atividades de modo a ocupar produtivamente o seu tempo ocioso. Também espera-se que o fato do aluno ter atividades intelectualmente estimulantes oferecidas pela escola contribua para que ele não sucumba ao tédio e, consequentemente, desperdice o seu tempo livre.
Renzulli aponta três diretrizes que considera essenciais para que um programa de enriquecimento venha a ter sucesso:

Diretrizes Fundamentais Para Um Bom Programa Segundo Renzulli (1977)


· Fornecer experiências exploratórias gerais que irão permitir identificar mais claramente quais são os interesses e habilidades do aluno;
· Promover atividades de aprendizagem em grupo que ajudarão o aluno a lidar de forma mais efetiva com o conteúdo didático;
· Levar os alunos a desenvolver, individualmente ou em grupo, projetos de pesquisa, com o intuito de investigar problemas reais.

A realização de tais metas, segundo ele, envolve a oportunidade do aluno conhecer os diferentes ramos do conhecimento e de escolher entre eles em função de suas habilidades e preferências, além de incentivar o preparo para saber enfrentar novas situações e problemas, e a adoção de um papel ativo do aluno na elaboração e solução dos problemas a serem resolvidos.
Gowan e Torrance (1971) alertam para certas dificuldades inerentes à aplicação de um programa de enriquecimento, afirmando que é pouco realista esperar que um professor de uma turma de tamanho médio, desprovido de treinamento especial e sem tempo extra, possa ter condições de desenvolver com sucesso um programa desse tipo, voltado somente para os seus alunos superdotados que estão misturados ao restante da turma. O mais provável é que ele ou ela, quando muito, exija que tal ou qual aluno responda mais exercícios ou que domine maior parte do conteúdo programático do que os demais; dando pouca ou nenhuma ênfase ao uso de novas abordagens ou metodologias para ensinar o pensamento crítico, a originalidade ou a flexibilidade de idéias.
Alencar (1986) informa que as dificuldades da aplicação de um programa de enriquecimento dentro da própria sala de aula leva a maioria dos programas especiais, especialmente nos EUA, a utilizarem o expediente de promover atividades extraclasse através de cursos ou clubes de matemática, música, ciências, computação, astronomia, literatura, filosofia, língua estrangeira, estatística, lógica, xadrez, pensamento criativo, produção de TV e ecologia.
Segregação
A segregação consiste em separar, temporária ou permanentemente, os estudantes superdotados dos demais alunos. O objetivo é criar turmas especiais homogêneas para as quais se possa dar um tratamento especial adequado sem prejuízo para os alunos normais.
Barbe (1965) defende a segregação argumentando que este é o melhor método pelo qual a escola pode levar a criança a se dedicar, com entusiasmo, a tarefas simultâneamente interessantes e desafiadoras. De acordo com ele, facilita também o trabalho dos professores, os quais poderão trabalhar com um grupo menor e mais homogêneo no qual é mais fácil desenvolver atividades de enriquecimento. No entanto, French (1964), avisa que segregar um grupo de alunos e rotulá-los de "superdotados" pode fazer com que desenvolvam uma atitude esnobe e presunçosa, sendo necessária uma boa orientação por parte de pais, professores e orientadores educacionais para que tal tipo de postura perniciosa não se instale.
McWililliams (1965) afirma que os superdotados variam muito quanto a sua esfera de talentos, o que torna sua completa segregação difícil ou mesmo impossível. Além disso, ele levanta o argumento de que os superdotados precisam, cedo ou tarde, aprender a conviverem com os indivíduos menos habilidosos, coisa que se adquire mais fácilmente num grupo heterogêneo.
Clark (1979) considera todos argumentos acima quando sugere alguns princípios básicos a serem respeitados na utilização do método da segregação para que haja um bom resultado.



Fonte: http://www.vademecum.com.br/sapiens/Educa.htm

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